segunda-feira, 22 de junho de 2009

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Naquele dia cheguei a casa e senti que faltava qualquer coisa, faltava qualquer cheiro, qualquer cor. Quando sai de casa não foi assim que deixei a minha realidade. Sentei-me na enorme poltrona que comprei com o dinheiro que juntei ao longo dos últimos meses "para relaxar e ler os meus livros, ao sabor de um bom copo de vinho" e só hoje percebi que além de ainda não gostar de vinho, o livro que iniciei há um ano atrás continua na mesma página. Curioso que o "Fazes-me falta" se encaixa tão bem no cenário. Sim, sinto falta de mim. Porque afinal não conquistei a cidade, não conquistei o Mundo e não me conquistei a mim. Afinal o meu canto não é mais encantador que outro qualquer canto, a minha poltrona não é mais relaxante que qualquer outra poltrona e o meu eu não é mais meu do que qualquer outro eu.
Lembro-me de subir ao telhado da minha casa no Sul. Ao Sul tudo parece mais transparente, tudo parece mais casa. Lembro-me de lhe dizer "um dia a minha vida vai ser minha" ao mesmo tempo que arranjava o vestido que havia ficado preso numa das telhas. Engraçado como, tal como o meu vestido, eu fiquei presa... e nem sei muito bem ao quê...só sei que o facto é que me falta o cheiro, me falta a cor, me falto eu.
Naquele dia liguei-te para saber se havia tempo para um chá. Talvez na tentativa de haver um motivo para sair e voltar a entrar, para não sentir falta de alguma coisa. Como sempre havia um monte de papel em cima da tua secretária que tinha de ser despachado ainda hoje porque "sabes, há prazos e se não levo isto amanha, mais vale não voltar lá a entrar" da mesma forma que se eu não saísse dali naquele momento, mais valia não voltar a entrar na minha vida. Às vezes não entendemos a urgência de um "chá rápido" mas de "uma papelada urgente" entendemos sempre. Talvez porque a nossa vida se tornou isso mesmo o "monte de papelada" e o nosso livro, a nossa poltrona, o nosso canto ficam atirados para um lado porque afinal de contas isso faz parte de nós e acabamos por nos atirar a nós mesmos para um lado.

1 comentário:

anokas disse...

podes nao ter conquistado a cidade, cá para nós, isso seria bastante dificil, lol =P , MAS, conquistas-te a mim, que tenho um orgulho imenso em ser tua afilhada, e acima de tudo, poder chamar-te também amiga, conquistas-te tambem todos aqueles a quem podes chamar familia e amigos, e esses sao sempre tao especiais, porque tem muito de nós, até aqueles que ja não estao presentes no nosso dia-a-dia, de uma maneira ou de outra significam algo, porque nos fizeram rir, e coloriram os nossos dias, porque nos magoaram, porque nos fizeram verter lágrimas, e os tornaram cinzentos, porque nao tiveram outra escolha se nao partir, e até mesmo os que o quizeram fazer porque era exactamente disso que precisavam, nos maracram... tudo tem uma razão, por vezes compreensivel e aceitavel pela nossa parte, por vezes nao, mas é disso que a nossa vida e feita, cada um escolhe o seu caminho, depois, claro, há sempre os que se magoam, os que ficam, os que sofrem, mas é tambem a esses que cabe, voltar a seguir um caminho diferente, uma estrada nova, nunca esquecendo os que ficaram, porque com esses ainda existe o riso, a alegria, a tristeza, a amizade, os que partiram, infelizmente foram, já passou, custa, mas tem de se passar por isso, e nesse novo caminho, há-de aparecer alguem, há sempre alguem que tem a força para nos fazer finalmente voltar a levantar em pleno, e é por isso que nunca podemos ficar agarrados ao passado. hehehe, quanto ao teu eu, olha eu gosto muito do teu eu! bem já me alonguei e muito, lol, beijinhos madrinhha mais lindaaaa! e vê lá se te lembras aqui da afilhada e combinas qualquer coisa com ela, porque sinto a tua falta! beijinhos do tamanho do mundo