quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Medo

Por vezes o medo bloqueia os teus movimentos, impede-te de sorrir, impede-te de amar, impede-te da entrega. Depois percebes que afinal o medo não faz sentido e voltas a sorrir, voltas a dar espaço para amar e para te entregares. O problema é quando de seguida te apercebes que mais valia ter ficado com a herança que o medo te tinha reservado.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Desejo

Se o desejo fizesse acontecer..já tinha acontecido há muito tempo. Se o desejo permitisse agir, já teria agido há outro tanto...ainda assim é o desejo que me vai levando para a frente...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vou ficando

Esqueci-me da vida a um canto ou então foi a vida que me esqueceu. A verdade é que o tempo vai passando e eu vou ficando por aqui...não sei ao certo até quando...apenas sei que vou ficando...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

À beira da estrada...

Sentei-me à beira da estrada à tua espera. Pensava que acabarias por passar por ali.
Enquanto não via a luz do teu carro olhei para cima e vi que o céu estava estrelado. Tão estrelado como na noite em nos deitámos na relva e sonhámos com outra vida e com outra realidade. Talvez seja isso que mais dói em nós. Sabemos de antemão que o que nos traí é a realidade.
Voltei a olhar para a estrada e não me pareceu seres tu... permaneci sentada e nesse mesmo instante começou a chover.
Passas-te... tenho a certeza que desta vez era o teu carro. Mas da mesma forma que a água percorria todo o meu corpo, não fui capaz de me levantar e correr atrás de ti. Foi bem mais fácil afogar-me na tempestade.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Verde

A vertigem do teu olhar. Seria o que responderia caso me perguntassem o que mais me assusta em ti. Isto porque sempre que te olho nos olhos consigo entender tudo o que tens e o que não tens para dizer. E a maior parte das vezes preferia não entender que queres saltar desse abismo. Preferia não aceitar que não te tenho.
É de um verde tão aguçado que dá um aperto no coração.
Às vezes falas e eu nem oiço. Fico completamente pedrada no teu olhar e até sinto que o sentes. E depois fico envergonhada. Mas acho que nós somos isso mesmo. Não me consigo esconder de ti nem tu de mim.
Desde o primeiro segundo o que me agarrou a ele foi o olhar. Primeiro ficava perdido nos corredores, depois começou a ficar entranhado nos cafés bebidos à beira rio e mais tarde nos beijos que não foram dados. Porque em nós, mais importante do que é dito é aquilo que não é dito, porque é vivido. E acho que assim vou tendo menos por onde chorar, vou tendo menos por onde lamentar e iludindo-me com a ideia de que existes em mim.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ou talvez não

Acho que todos nós devíamos ter uma pessoa que nos amasse de verdade...que enlouquecesse com a ideia de nos perder, que estivesse disposto a lutar por nós....Não que considere que todos nós o merecêssemos, mas pelo menos evitava-se um número inesgotável de dissabores e explicações que têm tudo menos de explicação.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

...

Naquele dia cheguei a casa e senti que faltava qualquer coisa, faltava qualquer cheiro, qualquer cor. Quando sai de casa não foi assim que deixei a minha realidade. Sentei-me na enorme poltrona que comprei com o dinheiro que juntei ao longo dos últimos meses "para relaxar e ler os meus livros, ao sabor de um bom copo de vinho" e só hoje percebi que além de ainda não gostar de vinho, o livro que iniciei há um ano atrás continua na mesma página. Curioso que o "Fazes-me falta" se encaixa tão bem no cenário. Sim, sinto falta de mim. Porque afinal não conquistei a cidade, não conquistei o Mundo e não me conquistei a mim. Afinal o meu canto não é mais encantador que outro qualquer canto, a minha poltrona não é mais relaxante que qualquer outra poltrona e o meu eu não é mais meu do que qualquer outro eu.
Lembro-me de subir ao telhado da minha casa no Sul. Ao Sul tudo parece mais transparente, tudo parece mais casa. Lembro-me de lhe dizer "um dia a minha vida vai ser minha" ao mesmo tempo que arranjava o vestido que havia ficado preso numa das telhas. Engraçado como, tal como o meu vestido, eu fiquei presa... e nem sei muito bem ao quê...só sei que o facto é que me falta o cheiro, me falta a cor, me falto eu.
Naquele dia liguei-te para saber se havia tempo para um chá. Talvez na tentativa de haver um motivo para sair e voltar a entrar, para não sentir falta de alguma coisa. Como sempre havia um monte de papel em cima da tua secretária que tinha de ser despachado ainda hoje porque "sabes, há prazos e se não levo isto amanha, mais vale não voltar lá a entrar" da mesma forma que se eu não saísse dali naquele momento, mais valia não voltar a entrar na minha vida. Às vezes não entendemos a urgência de um "chá rápido" mas de "uma papelada urgente" entendemos sempre. Talvez porque a nossa vida se tornou isso mesmo o "monte de papelada" e o nosso livro, a nossa poltrona, o nosso canto ficam atirados para um lado porque afinal de contas isso faz parte de nós e acabamos por nos atirar a nós mesmos para um lado.