Naquele dia cheguei a casa e senti que faltava qualquer coisa, faltava qualquer cheiro, qualquer cor. Quando sai de casa não foi assim que deixei a minha realidade. Sentei-me na enorme poltrona que comprei com o dinheiro que juntei ao longo dos últimos meses "para relaxar e ler os meus livros, ao sabor de um bom copo de vinho" e só hoje percebi que além de ainda não gostar de vinho, o livro que iniciei há um ano atrás continua na mesma página. Curioso que o "Fazes-me falta" se encaixa tão bem no cenário. Sim, sinto falta de mim. Porque afinal não conquistei a cidade, não conquistei o Mundo e não me conquistei a mim. Afinal o meu canto não é mais encantador que outro qualquer canto, a minha poltrona não é mais relaxante que qualquer outra poltrona e o meu eu não é mais meu do que qualquer outro eu.
Lembro-me de subir ao telhado da minha casa no Sul. Ao Sul tudo parece mais transparente, tudo parece mais casa. Lembro-me de lhe dizer "um dia a minha vida vai ser minha" ao mesmo tempo que arranjava o vestido que havia ficado preso numa das telhas. Engraçado como, tal como o meu vestido, eu fiquei presa... e nem sei muito bem ao quê...só sei que o facto é que me falta o cheiro, me falta a cor, me falto eu.
Naquele dia liguei-te para saber se havia tempo para um chá. Talvez na tentativa de haver um motivo para sair e voltar a entrar, para não sentir falta de alguma coisa. Como sempre havia um monte de papel em cima da tua secretária que tinha de ser despachado ainda hoje porque "sabes, há prazos e se não levo isto amanha, mais vale não voltar lá a entrar" da mesma forma que se eu não saísse dali naquele momento, mais valia não voltar a entrar na minha vida. Às vezes não entendemos a urgência de um "chá rápido" mas de "uma papelada urgente" entendemos sempre. Talvez porque a nossa vida se tornou isso mesmo o "monte de papelada" e o nosso livro, a nossa poltrona, o nosso canto ficam atirados para um lado porque afinal de contas isso faz parte de nós e acabamos por nos atirar a nós mesmos para um lado.
Lembro-me de subir ao telhado da minha casa no Sul. Ao Sul tudo parece mais transparente, tudo parece mais casa. Lembro-me de lhe dizer "um dia a minha vida vai ser minha" ao mesmo tempo que arranjava o vestido que havia ficado preso numa das telhas. Engraçado como, tal como o meu vestido, eu fiquei presa... e nem sei muito bem ao quê...só sei que o facto é que me falta o cheiro, me falta a cor, me falto eu.
Naquele dia liguei-te para saber se havia tempo para um chá. Talvez na tentativa de haver um motivo para sair e voltar a entrar, para não sentir falta de alguma coisa. Como sempre havia um monte de papel em cima da tua secretária que tinha de ser despachado ainda hoje porque "sabes, há prazos e se não levo isto amanha, mais vale não voltar lá a entrar" da mesma forma que se eu não saísse dali naquele momento, mais valia não voltar a entrar na minha vida. Às vezes não entendemos a urgência de um "chá rápido" mas de "uma papelada urgente" entendemos sempre. Talvez porque a nossa vida se tornou isso mesmo o "monte de papelada" e o nosso livro, a nossa poltrona, o nosso canto ficam atirados para um lado porque afinal de contas isso faz parte de nós e acabamos por nos atirar a nós mesmos para um lado.