Chego a casa com a rapidez da luz...abro a porta, atiro as chaves do carro para cima da cama, deixo a mala voar para um canto do meu quarto e vou deixando que cada peça de roupa caia. Abro o chuveiro e deixo a água escorrer pelo meu corpo. Encosto a cabeça à parede, encosto o coração a um canto. Parece que cada gota purifica tudo aquilo que se entranhou na minha pele durante o dia.
É sempre esta sensação... a sensação de não ser eu, a sensação de ser um soldado contra mim mesma, a sensação de uma presença ausente. Não, as gargalhadas não são minhas, os sorrisos não são meus.. meu apenas é o olhar distante e o vazio na voz...
Quero gritar mas a água afoga o som...
Aperto a mão junto da parede que agora sustenta todo o meu peso... tudo aquilo que posso ser neste breve instante... mesmo que "aquilo" possa ser nada.
Talvez seja o único momento do dia em que não posso esconder nada de mim. Não há roupa que me esconda, não há ninguém que veja, não há ninguém que oiça... tenho que aguentar tudo o que vem de mim. Mesmo que não saiba aquilo que é meu e aquilo que foi inventado, porque a água começa a confundir-se com as lágrimas e o que me chega à boca apenas é uma mistura de sal e de doce.
Deixo a cabeça encostada à mesma parede, que vai continuando a sustentar tudo aquilo que posso dar. Tento sentir o rio que escorre no cabelo e fixo o olhar na água que cai das pontas espigadas...
Desligo a torneira e abraço-me com a toalha, que de algum jeito, me acolhe...
Agora é a vez de deixar-me cair no sofá e tentar fingir que o dia não passou, que as conversas não foram tidas, que as horas não passaram e que a ausência não permaneceu intacta...
É sempre esta sensação... a sensação de não ser eu, a sensação de ser um soldado contra mim mesma, a sensação de uma presença ausente. Não, as gargalhadas não são minhas, os sorrisos não são meus.. meu apenas é o olhar distante e o vazio na voz...
Quero gritar mas a água afoga o som...
Aperto a mão junto da parede que agora sustenta todo o meu peso... tudo aquilo que posso ser neste breve instante... mesmo que "aquilo" possa ser nada.
Talvez seja o único momento do dia em que não posso esconder nada de mim. Não há roupa que me esconda, não há ninguém que veja, não há ninguém que oiça... tenho que aguentar tudo o que vem de mim. Mesmo que não saiba aquilo que é meu e aquilo que foi inventado, porque a água começa a confundir-se com as lágrimas e o que me chega à boca apenas é uma mistura de sal e de doce.
Deixo a cabeça encostada à mesma parede, que vai continuando a sustentar tudo aquilo que posso dar. Tento sentir o rio que escorre no cabelo e fixo o olhar na água que cai das pontas espigadas...
Desligo a torneira e abraço-me com a toalha, que de algum jeito, me acolhe...
Agora é a vez de deixar-me cair no sofá e tentar fingir que o dia não passou, que as conversas não foram tidas, que as horas não passaram e que a ausência não permaneceu intacta...